No começo da jornada do investimento anjo, ainda mais se ela for solitária, é comum ter muitas dúvidas sobre onde depositar mais atenção e quais os fatores determinantes para alcançar o sucesso.
No começo da minha jornada como investidor, por exemplo, eu achei que o maior desafio ou a grande chave para vencer nesse jogo estava na mecânica do investimento: entender em detalhes os termos do contrato, amarrar muito bem as garantias e que esse deveria ser meu maior gasto de tempo na negociação. Mas descobri que não.
Que fique claro aqui, que não estou desconsiderando a mecânica. Alinhamento e clareza entre investidor e fundador é essencial, mas os termos acabam seguindo um padrão no mercado que não foge muito à regra: o investidor oferece seu capital para a startup, que por sua vez, cede uma participação do negócio ao investidor. E essa negociação é formalizada através de um documento, que no mercado de startups é chamado de term sheet.
O que é o term Sheet?
O term sheet vai descrever todas as regras desse investimento: o que você, como investidor, tem o direito por ter colocado o capital e o que a startup tem direito a partir desse investimento para o contrato.
Falando em contrato, o formato mais comum praticado hoje no mercado é o mútuo conversível: nada mais do que um empréstimo, mas que é conversível em ações na empresa. Essas ações podem ser conversíveis nos chamados eventos de liquidez, ou seja, num próximo grande investimento, como um series A ou B ou quando a startup realizar um M&A (fusão) ou então, é comprada.
Ou seja, é nesse momento de grande liquidez da startup, que o seu mútuo pode ser conversível. Esse é o modelo padrão do mercado, que deve ser fácil e ágil, para se investir em uma startup (lembrando que estamos falando de um negócio que ainda está em fase de validação e crescimento ).
Portanto, a dica aqui é: esse contrato deve ser simples e eficiente. Quando você tenta proteger tudo, acaba burocratizando demais o investimento e você não vai ganhar o jogo do investimento anjo colocando um contrato gigante, buscando a todo custo a sua maior participação ou pegando mais parte dessa startup.
A real é que você só vai ganhar o jogo do investimento, escolhendo boas startups.
Mais do que os múltiplos que você vai gerar, o que vai fazer você ser um bom investidor é o sucesso das startups que você investir.
Mas falando sobre a negociação, tem três coisas importantes para você alinhar e negociar com a startup:
1. Quanto você vai alocar de capital no investimento
Definir o valor do cheque para o investimento e alinhar como esse valor vai ser usado pela startup para crescer o seu negócio nos próximos 18 meses.
2. Qual é o valuation da startup
(inclusive, temos um artigo sobre valuation aqui)
O valuation não costuma variar muito a cada round. E ele vai depender muito mais do poder de negociação da startup. No estágio anjo, esse valor costuma estar entre R$2 milhões a R$5 milhões. Não vai ser muito menos do que isso, porque se for, muito provavelmente essa startup ainda não sabe o quanto de dinheiro que ela precisa, e se muito mais do que isso, já entra em estágios mais avançados do que anjo.
3. Qual será a correção do seu dinheiro investido ao longo do tempo
Se por exemplo, você colocar R$100 mil em uma startup esse ano e esse dinheiro só será convertido em 4 ou 5 anos, a inflação vai impactar esse dinheiro. Não é justo você ter um juros em cima da startup. Mas é justo que o seu dinheiro seja sendo atualizado para continuar valendo o mesmo que o aplicado ao longo desses anos.
De qualquer forma, eu sugiro que você tenha um bom advogado, mas que ele entenda sobre o mercado de startups a ponto de ter sabedoria na negociação. Os advogados costumam ser mais protecionistas e nesse mercado, isso não é o que mais funciona. Lembre-se: investimento em startups é de risco, e não tem como se proteger 100%.
Então respondendo a pergunta: onde você deve gastar mais tempo no investimento anjo?
Bom, se você quer ganhar o jogo do investimento, sua maior energia tem que estar em encontrar boas startups e ajudá-las a crescer. O investidor anjo, mais do que capital, deve buscar o smart money. Ou seja, dedicar um pouco da sua expertise, conexões e oportunidades para ajudar o founder a vencer os desafios do seu negócio e conquistar o sucesso. Porque é só assim, que seu dinheiro terá retorno.
Alinhe com o fundador muito bem como será essa dinâmica e como você pode ajudá-lo. Dedique seu tempo no investimento anjo em conhecer a fundo os fundadores dos negócios que você pretende investir. Entenda seu comprometimento com o negócio. Isso vai consequentemente trazer melhores startups e logo, melhores múltiplos.
E onde eu encontro boas startups?
Esse já é assunto para um próximo artigo! Mas se você está começando a sua jornada e quer acesso a curadoria de boas oportunidades, aprender com a experiência e mais segurança para investir, te convido a conhecer nossa rede de co-investimento! Para saber mais, acesse o link e vamos conversar!
Bônus:
Ah, e se você quiser aprofundar ainda mais no tema desse artigo, você pode ouvir esse episódio do podcast Pitch!
Aguardo seus comentários e te espero no próximo conteúdo!
